Acho que me esqueci da chave! Achas ou não sabes?

a cor tem o teu cheiro,
é odor de gelo e cabelo,
dentro da água ardo
enquanto aguardo, tesa,
pelo sinal de partida...

o teu piscar de olhos
salvará civilizações e,
dentro de mim,
libertas exércitos de sonhos
prontos a tentarem ganhar
a corrida
já quase a adormecer
depois de tanto prazer...

nem sede mais tens,
à minha mercê encostado
contra a porta de entrada,
de joelhos dou-te horas de expediente
para que saibas
que sem mim
não és...

fui o que somos,
sou o que suspiras,
cada poro, cada pêlo,
cada colmeia de sinais
é meu mapa mundo...

em contorções sinto-te
crescendo no meu interior,
acumulando, aumentando
até implodir como vulcão
e deixar a lava escorrer
num berro animal
para todos os robots ouvirem
o que estão a perder,
basta pedirem por Ele...

de caracóis suados,
ao acordar já recomeço,
foi tão forte
quanto uma equação nuclear,
os músculos distendem-se
finalmente
e bebo a limonada na cama
a pensar se não era hoje
que devia ter ido votar...